As vantagens de ser empático
Quando escolhi as pautas sobre as quais gostaria de escrever, pensei nos assuntos que mais me interessavam e como eles poderiam ser relevantes para mais pessoas. Pensei em assuntos sobre os quais eu acreditava ter algum conhecimento para compartilhar; afinal, como redatora, sei bem que muitas vezes escrevemos com base em conhecimentos mínimos e nos sentimos gerando mais informação inútil para o mundo — apesar de, ao mesmo, tempo admirar a nossa capacidade de criar qualquer coisa com base no vácuo. Ao pensar neste sentimento e na sensação de acolhimento ao saber que mais pessoas passam por isso, optei por falar sobre a empatia.
Sempre acreditei que a empatia fosse fundamental para que pudéssemos viver melhor em sociedade. Mais do que isso, meu pensamento era de que obviamente o mínimo do mínimo era ser empático. Porém, muitas vezes, o mínimo é um enorme passo.
Ao ler comentários em portais de notícias, acompanhar debates sobre direitos e deveres em sociedade, participar de redes sociais e, inclusive, em meio às conversas do dia a dia, fica claro que ainda é necessário desenvolver a empatia. E, para que ela possa ser desenvolvida, é necessário compreendê-la.
Muito diferente da simpatia, empatia não é sorrir e dizer que tudo vai ficar bem em um momento difícil. Não é buscar respostas positivas para o problema. Muito menos, criar comentários desenvolvidos a partir da Lei de Murphy, onde “nada é tão ruim que não possa piorar”.
Apesar dos verbetes definirem de forma simples a empatia como:
1. Habilidade de imaginar-se no lugar de outra pessoa;
2. Compreensão dos sentimentos, desejos, ideias e ações de outrem;
3. Qualquer ato de envolvimento emocional em relação a uma pessoa, a um grupo e a uma cultura;
… É preciso ir mais longe e, principalmente, permitir-se ser mais vulnerável. É escutar, compreender e prestar atenção aos sentimentos das pessoas. É encontrar em nosso acervo de referências — ou seja, na memória — algo que nos ajude a compreender o que aquela pessoa está sentindo. É observar os detalhes, entender que nem sempre um sorriso é sinal de alegria ou o choro sinônimo de tristeza.
Jamais teremos a habilidade de nos colocarmos completamente no lugar de outra pessoa. Afinal, os seres humanos — ainda — são únicos. Cada qual reage de uma maneira, cada situação tem condições diferentes apesar de muitas semelhanças, cada circunstância interfere. Apesar disso, podemos compartilhar os sentimentos e experiências para melhorar a vida.
Por meio da empatia, conseguimos demonstrar que estamos dispostos a ajudar, acolher e comemorar junto do outro. Significa ter a humanidade de dizer o que a pessoa precisa ouvir de forma sensível, contribuindo para a experiência dela da mesma forma que gostaríamos que lidassem conosco. É não ter preconceitos e julgamentos, algo que parece extremamente raro em um país que destila ódio.
A empatia tem muito a ver com comunicação.
Aforma como nos comunicamos com os outros é um reflexo de quem somos. Isso, contudo, não se resume apenas as pessoas, mas também, as empresas — que, claro, são formadas por indivíduos e feitas para eles.
No mundo do design, a empatia ganha cada vez mais destaque no UX, onde o profissional precisa compreender o público para tornar o produto acessível a ele. Na produção do material, seja no meio digital ou impresso, é imprescindível pensar no público e ser empático com ele.
Ao criarmos uma persona, pesquisarmos e analisarmos, contamos com a oportunidade de compreender as pessoas que serão impactadas por cada projeto. De nada adianta desenvolver um material visualmente bonito, se ele não fizer sentido diante da realidade do público-alvo.
Além disso, é por meio da empatia que desenvolvemos a habilidade necessária para termos a sensibilidade de analisar cada ponto do material, a fim de não ofender ninguém. Infelizmente, é comum nos mercados de comunicação, design, publicidade e afins surgirem campanhas e materiais que parecem não ter o mínimo de consciência. Entre os milhares de exemplo, destaco, como mulher, as infinitas campanhas de cervejas que objetificaram a nossa imagem ao longo dos anos.
Contudo, vale lembrar que apesar de ser extremamente necessária para a comunicação e o design, a empatia não deve ser mais uma estratégia de monetização para o mercado. Ela não existe para gerar lucro, mas sim, para criar uma sociedade mais justa e benéfica para todos. Ela está presente para a valorização das pessoas. Onde somos assombrados por medos de um futuro desastroso, a empatia é o abraço acolhedor que nos conforta.