A influência do comportamento de consumo no futuro do planeta
A ideia de bem-estar é uma construção social que se forma com o decorrer do tempo, transformando-se conforme as mudanças sociais. Na atualidade, o bem-estar está intimamente ligado ao consumismo.
Desta forma, o número disponível de bens e serviços cresce continuamente para atender a recorrente demanda da sociedade. O ser humano compra e produz cada vez mais “lixo” sem a real necessidade. Põe suas expectativas de felicidade no conceito de possuir. Contudo, este estilo de vida não contribui para o desenvolvimento sustentável do planeta.
Ao longo dos anos, acompanhamos diversos autores que abordam a influência do design em uma sociedade consumista. Buscamos informações para poder contribuir com a criação de soluções para problemas atuais — e futuros. Entre eles, citamos Ezio Manzini, autor do livro “Design para a inovação social e sustentabilidade”, que reforça um pensamento com o qual compactuamos.
Ele menciona que a evolução do pensamento sociocultural derivou de uma série de fatores que encaminharam (e continuam encaminhando) a vida em sociedade rumo à insustentabilidade, onde o que se define como bem-estar baseia-se numa forma de consumo individualista e crescente de produtos e serviços, hábito este que está levando o nosso planeta rumo ao seu limite.
Constantemente recebemos mais provas deste esgotamento do planeta. As notícias apresentam dados sobre aumento das ondas de calor, derretimento das geleiras e aumento do nível do mar, entre outros problemas. No Brasil, as atuais queimadas na Amazônia colocam em chamas um de nossos bens mais preciosos.
Ao pesquisarmos sobre o assunto, encontramos, também, as afirmações de Oskana Mont no International Journal of Product Development. A autora nos dá a ideia de que o complexo econômico de mercado, baseado na busca insaciável pela maximização de produção, economia de escala, fabricação de produtos visando o aumento de lucro, o que se reflete em uma média qualidade e acelerado ciclo de depreciação, rápida troca de bens e o consequente crescimento de demanda dos consumidores por novos produtos são alguns dos fatores que permanecem influenciando e fomentando a nossa cultura da industrialização.
Porém, como percebemos, não é viável vivermos em uma sociedade que não pensa no futuro. Como percebemos, o planeta nos dá claros sinais de estar cada vez mais próximo da exaustão.
Para haver o desenvolvimento sustentável e para que, de fato, a sustentabilidade seja parte daquilo que é considerado como bem-estar, se faz necessário uma descontinuidade sistêmica do pensamento em sociedade.
É preciso desconsiderar a produção e o consumo excessivo material como uma atividade normal para caminhar rumo à redução significativa do consumo ilimitado que existe atualmente. Até que essa descontinuidade seja reconhecida como inevitável, a pressão do problema ambiental continuará a se manifestar em múltiplas e incontroláveis direções (tensão social e confrontos abertos, guerras e crises econômicas).
Promover a descontinuidade sistêmica não é uma questão somente de política ambiental, mas sim a única maneira de imaginar um futuro, na medida do possível, pacífico, tolerante e democrático.